“Escândalo para o Mundo”



O Papa Bento XVI classificou as divisões entre cristãos como um “escândalo para o Mundo” e relembrou as raízes mais profundas da fé cristã numa cerimónia conjunta com o líder espiritual dos Cristãos Ortodoxos no final do seu primeiro dia de visita à Turquia.

Em viagem pela Turquia, o papa teceu também algumas considerações acerca da política seguida pelo governo Turco, dando conta de que há espaço na União Europeia para a nação muçulmana.

“As divisões existentes entre cristãos são um escândalo para o Mundo” revelou o papa após se juntar ao Patriarca Ecuménico Bartolomeu no dia de Santo André, que pregou por toda a Ásia Menor e que, de acordo com a tradição, ordenou o primeiro bispo da então Constantinopla, hoje Istambul.

O simbolismo desta cerimónia alastrou-se também aos Católicos Romanos, pois Santo André era o irmão de São Pedro, o apóstolo martirizado em Roma e considerado o primeiro papa.

Bento XVI estabeleceu como meta para o seu papado chegar até aos mais de 250 milhões de Ortodoxos a nível global, unindo assim as duas igrejas cristãs que se separaram à quase mil anos devido a disputas várias, incluindo a questão da extensão da autoridade papal.

Na sua comunicação, em plena Igreja de S. Jorge, o papa deu conta de que todos os cristãos deverão ajudar para que se “renove a consciência europeia das suas raízes cristãs, tradições e valores, dando-lhes uma nova vitalidade”.

Durante a viagem do papa, as movimentações das forças de segurança foram uma constante. Bento XVI começou a sua peregrinação ao visitar as pequenas comunidades cristãs. Ao longo dessa jornada, o papa expressou a sua compreensão pelas pressões a que estão sujeitas as minorias muçulmanas a nível mundial.

Sempre rodeado por clérigos ortodoxos, Bento XVI foi sempre muito claro nas suas afirmações: “É preciso que todos trabalhemos para a total união entre cristãos e ortodoxos".

Foi também no dia de ontem que o Papa visitou as ruínas de uma pequena casa de pedra onde se pensa que a Virgem Maria terá vivido os seus últimos anos. Após essa visita, celebrou uma missa para cerca de 250 representantes da pequena comunidade cristã da Turquia. Durante a homilia o santo padre confidenciou que tem sido seu objectivo enviar o seu amor e proximidade espiritual “à comunidade cristã da Turquia, uma pequena minoria que enfrenta desafios muito difíceis”.

Relembre-se que de entre os setenta milhões que habitam a Turquia, cerca de 65 mil são Cristãos Ortodoxos Arménios, 20 mil são católicos romanos, 3 mil e quinhentos são protestantes e 25 mil são Judeus.

O Presidente da República anunciou ontem em conferência de imprensa a marcação de um referendo à interrupção voluntária da gravidez para 11 de Fevereiro devido à crescente importância do tema na sociedade portuguesa.

Foi em conferência de imprensa que Cavaco Silva deu ontem ao fim da tarde a conhecer a sua decisão quanto à proposta de realização de um referendo à interrupção voluntária da gravidez (IVG) apresentada pelo Governo socialista a 19 de Outubro e rejeitada apenas pelo CDS-PP e o PCP.

Tornando pública a data da sua efectivação, 11 de Fevereiro de 2007, Cavaco justificou a sua decisão com a crescente relevância que o tema tem vindo a obter na opinião pública e a necessidade de uma organização social e política factual antes da discussão pública do tema.
Para o Presidente da República, é essencial que todo o processo pré-referendo decorra "com serenidade e elevação", sendo irrevogável a decisão deduzida da votação dos portugueses. Apesar da recente realização de um referendo à IVG, Cavaco acredita que, oito anos depois, o assunto é alvo de um significativo debate político e público, sendo assim natural a marcação de consulta popular.
"Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?" será assim a pergunta a que os portugueses responderão no dia 11 de Fevereiro do próximo ano.

Bush promete não abandonar o Líbano

O presidente dos Estados Unidos da América, George W. Bush, garantiu que irá apoiar o movimento de independência do Líbano das intromissões do Irão e da Síria.

Após a morte do líder da facção anti-Síria, Pierre Gemayel, George Bush falou com o primeiro-ministro libanês, Fouad Siniora, prometendo o apoio americano ao Líbano.

Gemayel foi assassinado em pleno dia, dentro do seu carro, e na área de predominância católica da cidade de Beirute. Foi o quinto político libanês anti-Síria a ser assassinado em dois anos.

A atravessar um complicado momento momento político, o povo libanês acorreu em massa ao funeral de Gemayel. Muitos são os libaneses que acreditam que a Síria está envolvida no assassínio do político.

De acordo com informações da BBC, Bush terá ligado a Siniora e reiterado o “compromisso sólido assumido pelos Estados Unidos no processo de auxílio ao Líbano e ao seu povo na construção de um sistema democrático e independente da intromissão do Irão e da Síria”.

Bush ainda não acusou publicamente o Irão e a Síria da morte de Gemayel, mas pediu uma investigação que pudesse “identificar as pessoas e as forças” por detrás do assassinato.

O porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, Gordon Johndroe, assinalou ainda que “a violência e a inquietação no Líbano não irão impedir a comunidade internacional de estabelecer um tribunal especial para o Líbano”.

Estas considerações vêm na sequência de um plano, aprovado na terça-feira pelo Conselho de Segurança da ONU, para a criação de um tribunal internacional para julgar os suspeitos da morte do ex-primeiro-ministro libanês, Rafik Harjri.

Observatório dos Direitos Humanos reprova condenação de Saddam

Relatório publicado pelo organismo descreve em 97 páginas erros cometidos pelo sistema judicial iraquiano durante o julgamento do ex-ditador. Preconizando o chamamento de juízes estrangeiros para futuros julgamentos, o estudo retira legitimidade à decisão, que vê politizada, de condenar Saddam à morte por enforcamento.



O julgamento de Saddam Hussein foi "marcado por tantas falhas procedimentais e substanciais que o veredicto é deteriorado". Foi com esta afirmação que o Observatório dos Direitos Humanos apresentou ontem o relatório de 97 páginas que condensa a observação das acções dos juízes envolvidos no processo mediático nos últimos dez meses.

Conduzido por Nehal Bhuta, o relatório conclui ser "indefensável" a decisão de condenar o ditador à pena de morte por enforcamento, pois ela parte de um "julgamento injusto" na sua globalidade. Assim, conclui, "o tribunal desperdiçou uma importante oportunidade para fornecer uma justiça credível ao povo iraquiano".

Fulcrais para o negativo desfecho descrito pelo Observatório dos Direitos Humanos foram as frequentes imiscuições do poder central iraquiano no julgamento, que "ameaçaram a independência" do tribunal, e a falta de competência dos juízes destacados, pelo que é urgente, assevera Bhuta, que "experientes magistrados internacionais participem directamente" em futuros julgamentos no país.

Saddam Hussein foi este mês sentenciado a pena de morte pelo mandamento da morte de 148 xiitas em 1982.

Institutos Politécnicos atravessam crise financeira

Em discurso perante a comissão parlamentar de Educação, Ciência e Cultura, o presidente do CCISP deu conta da situação complicada que alguns Institutos Politécnicos atravessam, avisando que nalguns casos situação é tão grave que ameaça o regular funcionamento dos estabelecimentos.

Em sessão parlamentar, o presidente do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos (CCISP), Luciano Almeida, alertou para o facto de alguns Institutos Politécnicos nacionais não terem dinheiro para garantir o seu financiamento e o pagamento de obras já feitas.
Os Institutos em causa são os de Setúbal, Santarém, Tomar, Guarda e Bragança, que não têm dinheiro para funcionar normalmente, e os de Lisboa, Castelo Branco e Leiria, que atravessam sérias dificuldades.

Luciano Almeida fez questão de salientar, aos deputados presentes, que os Institutos Politécnicos viram aumentar as suas dificuldades com o corte de 6.1% no Orçamento para o Ensino Superior.

O presidente do CCISP deu contas da sua preocupação pela falta de verbas para pagar os compromissos assumidos pelas instituições no ano passado. O dirigente considerou “incompreensível haver obras em curso, ou já concluídas este ano, facturas vencidas, com base nas verbas de 2006 e os valores inscritos em 2007 serem inferiores aos montantes previstos em 2006”.

Surpresa no Parlamento

A grande maioria dos deputados presentes manifestou surpresa face à realidade ilustrada por Luciano Almeida. O deputado do CDS-PP, Abel Baptista, rotulou a situação como “complicada”.
O representante do PS, Luís Duarte, concedeu que "talvez tenha havido um erro de estimativa no número de alunos", apenas certificando que o “assunto será discutido” no próximo debate acerca do Orçamento de Estado.

CCISP tem solução

Luciano Almeida sugeriu, para resolver estes problemas, que o Governo autorize os politécnicos a utilizar os saldos transitados, dos anos anteriores, para assegurar as remunerações, as obras em curso ou concluídas e manter os programas de qualificação do corpo docente.

O presidente do CCISP não abordou, no Parlamento, apenas os problemas do Orçamento. Luciano Almeida aproveitou para debater o Processo de Bolonha. Revelou que os institutos expuseram ao Governo 84 propostas de cursos e mestrado, acerca das quais o ministério nada disse.

De acordo com o mesmo responsável, “nada foi comunicado, nem que foram aprovadas ou não aprovadas, apesar de o prazo de 60 dias para o efeito já ter há muito ocorrido”.

Democratas aprovam demissão de Rumsfeld

Poucas horas após a vitória nas legislativas norte-americanas, que poderão conduzir os Democratas ao domínio de tanto o Congresso como o Senado, o presidente dos EUA anunciou a demissão do então secretário de estado da defesa, Donald Rumsfeld. Porta-vozes do partido vencedor já deram conta da sua satisfação.

Os Democratas expressaram o seu contentamento pelo afastamento do, agora, ex-secretário de estado da defesa norte-americano, Donald Rumsfeld. A seu ver, trata-se do reconhecimento, por parte da Administração Bush, de que as eleições de terça-feira foram uma ordem de mudança.

Em conferência de imprensa, o representante dos Democratas no Senado, Harry Reid, afirmou que “se os votos de ontem (terça-feira) por toda a América não conseguiram mais nada do que isto, então esta terá sido uma boa noite. Mas nós alcançamos muito mais do que isto. Reconheço que agora o país será bem servido pelo novo secretário de estado. Tenho vontade em trabalhar com ele”.

Rumsfeld OUT Gates IN

O presidente dos Estados Unidos da América não esperou muito para reagir à hecatombe do seu partido que, doze anos depois, perdeu o domínio de tanto o Congresso como o Senado.

Reconhecendo que os votos de terça-feira trataram-se, essencialmente, de um protesto contra a forma como a Administração tem gerido a guerra no Iraque, Bush decidiu aceitar a demissão de Rumsfeld.

Donald Rumsfeld foi sempre o grande cérebro por detrás da invasão do Iraque. Assumiu as responsabilidades políticas pelas mortes dos soldados e pela violência de Abu Ghraib.

Bush aceitou a sua demissão – apresentada no dia de ontem – e já encontrou um sucessor. Trata-se do antigo director da CIA, Robert Gates.

IIID reacende rivalidades entre Braga e Guimarães

O governo decidiu atribuir o IIID à cidade de Braga. Agora, as principais questões prendem-se com a sua localização, sendo que nenhuma das três propostas agrada. Em Guimarães ninguém se conforma, criticando o processo de escolha.

A decisão ministerial em colocar o futuro Instituto Ibérico de Investigação e Desenvolvimento (IIID) em Braga, gerou descontentamento em Guimarães. Os vimaranenses acreditam estar melhor preparados para acolher o IIID, já tendo um espaço adequado para o mesmo, o Ave Park. Fontes próximas do gabinete do primeiro-ministro garantem que, a localização do IIID em Braga, surge como medida compensatória pela atribuição da capital Europeia da Cultura a Guimarães.
De acordo com uma informação presente no JN, a situação do IIID em Braga é o resultado da negociação entre a edilidade bracarense e o Governo. Terão sidas estas negociações que levaram à atribuição da capital Europeia da Cultura em 2012 a Guimarães e à concentração do Instituto na cidade dos arcebispos.
O IIID, que privilegiará a investigação em áreas de especialização, como as nanociências e a computação avançada, terá sido atribuído a Braga directamente pelo primeiro-ministro, que terá pretendido não deixar nenhum dos dois autarcas, ambos socialistas e com forte peso na região, de “mãos a abanar”.
O IIID acolherá mais de 200 investigadores, de diferentes nacionalidades, prevendo-se que comece a trabalhar já no próximo ano com um investimento público, português e espanhol, anual de 30 milhões de euros.

Três opções de para a sua localização
A Câmara de Braga colocou já três diferentes opções de localização para o IIID. Foram elas o Parque de Exposições, a actual Bracalândia e a Quinta dos Peões. Todavia, como o IIID deverá ocupar uma área equivalente a sete campos de futebol, nenhuma das zonas propostas tem agradado.
Qualquer uma delas poderia acolher o edifício central, porém no longo prazo tornar-se-ia demasiado apertado pois há quem perspective a deslocação de empresas para a zona subjacente ao Instituto.
O actual vereador pelo PSD, Ricardo Rio, argumenta que deverá ser encontrada “uma solução com capacidade de expansão, uma zona de desenvolvimento industrial e com bons acessos.” O candidato derrotado nas últimas autárquicas acrescenta ainda que o IIID deverá ser um “catalisador do desenvolvimento regional e indexar parque industrial de excelência”.
O presidente da AIMinho, António Marques, vai de encontro a essa ideia, sublinhando que o IIID deverá ser encarado não como “o objectivo último de uma estratégia, mas antes a primeira pedra para a região do conhecimento. Um local capaz de atrair novas empresas e potenciar as tradicionais”.

Berço descontente
Guimarães não se conforma com a atribuição do IIID a Braga. Os responsáveis argumentam que já tinham o local ideal para o Instituto, o Ave Park, e criticam a atribuição do IIID a Braga como forma de compensar a cidade bracarense pela atribuição da Capital Europeia da Cultura a Guimarães.
O vereador do CDP/PP, Rui Barreira, assinala isso mesmo: “Parece que estamos perante moedas de troca. Guimrães foi escolhida para capital europeia da cultura pelas suas gentes e pelas suas infra-estruturas”.
O líder do PSD local, Rui Vítor Costa, classificou a atribuição do IIID para Braga como “um delírio”. Para o político, o novo Instituto Ibérico vai “fazer concorrência ao Ave Park, que foi financiado e arrancado a ferros para esta região”.
O militante do PCP, Cândido Capela Dias, deu mostras da sua incompreensão pela atribuição do IIID a Braga porque “Guimarães já dispõe de um espaço adequado para o seu funcionamento, enquanto Braga terá ainda de encontrar uma infra-estrutura para o efeito”.
O administrador do Ave Park, Remídio de Castro, não alimenta polémicas. A seu ver “a região sai vitoriosa na medida em que foi a escolhida, no contexto nacional, para a instalação deste Instituto Ibérico. Entendíamos que o Ave Park reunia condições para acolher este tipo de infra-estrutura, mas não saímos prejudicados com esta situação; a decisão não inviabiliza o parque”.
Já a autarquia bracarense não revela surpresa pela localização do IIID no seu concelho. De acordo com uma fonte do município, há já muito que o primeiro-ministro, José Sócrates, havia “garantido a instalação do instituto em Braga”.